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Reflexos


Eu estava lá, uma sala cheia de espelhos. Molhada como se estivesse acabado de passar por uma tempestade. Desesperada como se fugisse de um lobo faminto. Mas não estava fugindo, disso eu tinha certeza. Procuro uma saída, sem sucesso. Há espelhos para todos os lados, no chão, no teto, nas paredes. Era só uma questão de tempo até que eu enlouquecesse. E pelo visto já estava começando.
Vi um reflexo atrás de mim. E fui correndo atrás esperando que conseguisse achar algo no meio daquele nada. Deparo-me com um palco de madeira. Uma plateia enorme assistindo algo que não sei exatamente o que é. Dou-me conta de que sou eu o motivo de piada de pessoas que nem conhecia. Não tive nem tempo de meu preocupar com isso, quando vinte bailarinas entraram no palco. Correndo. Como se fossem vinte cisnes. Fizeram um circulo ao redor de mim e começaram a dançar. As pernas subiam a cabeça rapidamente como se fossem de borracha formando ângulos perfeitos de 180°, que começavam a girar.
Girar e se mover. Foi quando eu percebi que estava em um teatro, em que havia uma apresentação. As bailarinas nem pareceram me notar. Como se eu fosse invisível. Saio correndo do palco, e encontro um lugar em meio ao público e continuo assistindo o espetáculo. Todas as vinte girando com suas saias esvoaçantes. As saias começam a aumentar de tamanho, e ocupam todo o teatro. Todas se juntam e formam uma só. Que parece vir flutuando até a minha cintura.
De repente, todas as bailarinas somem. E eu estou no palco. Eu sou a atração principal. Estão todos lá para me ver. Todos contam comigo. Olho para o lado e vejo minha mãe e minha treinadora dando um discreto tchau de trás das cortinas. Todos começam a gritar, e clamar pelo meu nome. Então eu acordo. Não há mais público, nem espetáculo. Apenas eu, acordada às três horas da manhã por causa de um sonho que me perturbou toda noite. Volto a dormir, e ele volta a me atormentar.

Por: Alice Resmini

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