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A gélida beleza das coisas...

 

É inverno... ou melhor, quase inverno. Faz tanto frio por aqui que nem nos damos conta que ainda é outono... Então, neste outono com cara e corpo de inverno, sentada na sacada do meu apartamento, admiro a linda vista. Luzes iluminam a cidade. Tenho a sensação de que elas aquecem um pouco o gélido dia... Muito mais do que as luzes o que aquece também é o calor humano. E por falar em calor humano, me vem à memória o aconchego e com este o sentir-se acolhido, cuidado!
Ah! Como é bom chegar a algum lugar e sentir-se acolhido, cuidado! Temos a sensação de que somos bem-vindos, a sensação de que somos queridos, de que somos esperados! E quando somos bem atendidos então? Nossa, passamos a simpatizar, a elogiar a pessoa que nos é receptivo. Pois é, pena que nem todos veem esta acolhida, este cuidado com bons olhos. Como o ser humano é complicado não? Ao invés de fazer algo para se tornar uma pessoa querida, passa a criticar o outro. E não se dá conta que agindo desta forma é tão gelada quanto o inverno.
Vamos deixar a beleza do inverno por uns instantes, e vamos falar de pessoas geladas e pessoas que mantém o calorzinho do outono. As pessoas geladas são as que têm medo de as pessoas que mantém o calorzinho do outono se sobressaiam a elas. Calma, explico-lhes. Todos os dias, em todos os setores de trabalho, lidamos, convivemos com pessoas que fazem a política da pressão psicológica. Isso mesmo, a política da pressão psicológica. Pergunto-lhes: quem de vocês, em algum momento já não ouviu um colega de trabalho dizer: claro que as pessoas gostam de você, faz tudo para agradar. Você precisa ser mais firme, precisa saber dizer não.
Pessoas que agem desta maneira são inseguras, e quando assim se sentem, começam a perseguir, a achar defeitos, a falar mal do colega de trabalho. Pessoas assim se sentem ameaçadas até pelo carisma do outro. E eu volto a questionar-lhes: não seria mais fácil pessoas assim repensar sua conduta? Repensar seu profissional? Não seria mais fácil pessoas assim se aproximarem da pessoa carismática, da pessoa querida, da pessoa simpática e tentar tornar-se uma pessoa tão bem quista quanto a que julga ser incompetente por ser querida? Não seria mais fácil se tornar gentil, se tornar agente?
Sensações... impressões... somos nós quem as construímos, somos nós que as deixamos, e uma vez construídas como o inverno, difícil desfazer esta imagem. Porém, acredito que até o inverno tem sua beleza, basta saber mostrar esta beleza e aliando-se ao calorzinho, mesmo que tímido do outono, pode-se mudar as sensações, as impressões... E eu sigo por aqui, observando, da sacada do meu apartamento, a neblina ofuscando as luzes da cidade. Mas isso não significa que elas não estejam insistindo para se sobressaírem à neblina...
Por: Prof.Rosane Favaretto Lazzarin
Escrito em 12/06/2011

8 comentários:

  1. O texto foi tão bem tecido que as palavras não são simples palavras, elas se tornaram poesia! Adorei!!!

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  2. Como é bom ler um texto assim, bem escrito e com percepção crítica e poética. Um abraço, serei leitor sempre...

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  3. Incrível como conseguiu retratar poeticamente situações no mundo do trabalho. E eu também sigo por aqui, insistindo para sobressair a neblina. Curti a leitura.

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  4. Muito muito bom o texto!
    Justamente hoje, que termino o dia, depois de muito trabalho adiantados e tarefas agendadas para toda a semana que vem... Percebo que "tempo é ternura".
    Se pudessemos "perder tempo" com mais frequência, sem ser passado para trás ou coisa parecida, seríamos mais humanos... Teríamos mais sensibilidade e até paz de espírito.
    Adorei o ponto de vista sobre o "olhar o outro no trabalho", muito perspicaz!

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  5. Busco sempre sobressair a neblina... Valeu pela reflexão!

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  6. Parabéns pelo texto, ele fala de uma realidade vista não só no trabalho, como em relacionamentos familiares também...se ao invés de criticar as pessoas soubessem caminhar junto, ajudar, muitas coisas seriam resolvidas mais facilmente. Sabe aquele ditado " Gentileza gera gentileza", vamos praticar!!!!!

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  7. Parabéns Professora Rosane!
    Esta reflexão quando remetida a nós educadores, sugere uma responsabilidade ainda maior de levar ao nosso cotidiano escolar o nosso exemplo como seres humanos com sabedoria para vivenciarmos todas as estações com mais afeto, amor e paciência.
    Abraços
    Gislaine Winter

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  8. Adorei o seu texto! Acredito que muitas pessoas se encontram nele assim como eu, seja lá em qual estação. Sentir-nos acolhidos e bem queridos nos faz sentir alegria em estar em um bom ambiente ou mesmo perto de pessoas que nos querem bem. Querer bem à você, à mim, ao próximo, pois só podemos cobrar o que temos a oferecer.

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