Observar as mudanças que o homem provoca em nosso meio é sentir uma mistura de revolta e admiração. Revolta, pois o mesmo não mede esforços para realizar seus desejos, ele devasta áreas, desloca animais e pessoas, monta e remonta a natureza e isso, muitas vezes, não é o correto a ser feito. Por outro lado, admiro a criatividade e a optidão desse ser racional que na sua busca infinita por qualidade de vida, imagina, raciocina, calcula e executa obras de grande e pequeno porte; maiores ou menores tudo em favor de seus objetivos.
Sentindo todo este misto de revolta e admiração, percebo o quanto deve ter sido difícil encontrar uma forma de manter intacto este monumento tão significativo para um povo de uma pequena vila, afinal uma quantia sem fim de águas transformou-se num lago de volume incalculável, que afogou memórias de gerações e, para quem sabe diminuir a dor de tanta transformação, e contentar o povo que ali vivia decidiu-se manter a estrutura da antiga igreja, mesmo que somente as torres ficassem emersas.
Hoje o sacrifício revela-se numa linda paisagem, muito além do que possa ser imaginado, algo místico, uma obra divina que trouxe alento para aqueles que uniram suas lembranças sendo levadas pelas águas e que nunca mais poderão vivenciá-las ou buscá-las, mas ao olhar para o lago e ver lá no seu íntimo as torres será como olhar para o passado e sentir tudo que ali foi vivenciado, amado e sacramentado.
Por: Natália Consuelo Borche
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